Zezinho Sobral: “Não se pode violar uma sigla que tem um pensamento político coeso”

A chegada da ex candidata a prefeita de Aracaju (SE), Danielle Garcia, ao PODEMOS mereceu um seja bem vinda da direção nacional, mas a situação criada não agradou aos que já estavam na agremiação. Daniellle deixou o Cidadania de Alessandro Vieira e foi para ampliar as bases dela e de Vieira para as eleições de 2022. Só que o Podemos é um partido da base de apoio do governador Belivaldo Chagas (PSD) e tanto Danielle como Vieira são opositores de Chagas. Em Entrevista, o deputado estadual Zezinho Sobral, líder do Governo de Sergipe na Assembleia Legislativa e que está deixando a Presidência do PODEMOS, expõe a insatisfação do seu grupo, mas ainda não tem definição sobre sair ou ficar no partido.

Por Eugênio Nascimento

PRIMEIRA MÃO – O Podemos saiu mesmo das mãos do seu grupo?

ZEZINHO SOBRAL – A Danielle Garcia filiou-se ao Podemos com o compromisso da executiva nacional de ter o comando do partido. Isso ainda não aconteceu mas provavelmente acontecerá.

PM – Você e os seus aliados deixarão o Podemos? Quando?

ZS – É evidente que a linha política do Podemos é antagônica a que a delegada Danielle atua. O que contraria totalmente o pensamento político do grupo. Acredito que assim como eu, os demais não seguirão essa linha imposta.

PM – O partido ficará sob o comando da delegada Daniella?

ZS – Eu não participei do diálogo com a executiva nacional. Foi ela que construiu esse diálogo, que trabalhou essa relação e que assumiu os compromissos e datas.

PM – O Podemos se afastará do governador Belivaldo? A delegada fez oposição ao grupo dele em 2018.

ZS – É por isso que lhe digo que não se pode violar uma sigla que tem um pensamento político coeso, um pensamento político de apoio e, agora, de repente, surge um comando adverso. É como comandar um exército adversário. É impossível! Haverá, com certeza, divergências. A delegada terá que construir a sua equipe para fazer parte do novo Podemos ou do próximo Podemos. Porque esse atual não tem como se afastar de Belivaldo, muito menos se desligar de tudo que envolve a sua história porque nós pensamos em grupo e não isoladamente.

PM – Em tendo que deixar o Podemos, você e seus correligionários irão para que sigla?

ZS – Isso não está definido para onde seria e, obviamente, ouviremos o grupo e, principalmente, o governador Belivaldo nessa decisão.

PM – Você sabia e já esperava a chegada de Daniella ao Podemos?

ZS – A Danielle foi convidada pela executiva nacional assim como diversas pessoas foram convidadas para montar uma chapa. O que ocorreu a partir daí foi que a Danielle disse que só viria ao Podemos para ter o comando do partido, ou seja, para dominar o partido, independente de quem estivesse. Tudo isso foi ajustado lá na nacional. Eu sabia que ela tinha ido conversar mas não sabia o que tinha sido negociado, principalmente essa questão de ter autonomia para comandar o partido, que realmente contraria o pensamento de todo o Podemos Sergipe, de tudo que foi construído ao longo desses três anos.

PM – Depois da chegada dela, vocês já conversaram? O que?

ZS – Ainda não conversamos. Mas iremos!

PM – Quantos são os políticos com mandatos hoje no Podemos? Todos saem?

ZS – Muitos não podem sair, a não ser pela janela partidária. Muitos terão que ter autorização da justiça, principalmente aqueles que são do Legislativo, a exemplo dos vereadores e dos deputados. Os dois vice-prefeitos podem sair rapidamente. Os dois deputados estaduais terão que, obviamente, aguardar a janela ou a liberação judicial, caso pleiteiem na justiça. Os 19 vereadores podem também fazer essa transição mais à frente pela janela, se assim desejarem. Nenhuma imposição foi feita no Podemos até hoje. A única coisa imposta foi a filiação da delegada e dar a ela o comando do partido. Tudo hoje, dentro do Podemos Sergipe, foi construído de forma muito republicada, através de muito diálogo, conversa e consenso. Espero que continue assim. E, se o grupo, assim desejar, seguiremos juntos.

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