Mensagem do Decano – OAB/SE 85 anos

José Francisco da Rocha
Ex-presidente da OAB/SE

Para quem já superou em muito essa marca etária, manifestar-se a respeito de uma aniversariante de 85 anos equivale a um pai que homenageia a filha que aniversaria, expondo a ela o amor e admiração que nessas datas especiais transbordam do íntimo do ser.

Colei grau em 1956, portanto, quando a conheci, era uma jovem de 21 anos.

A Seccional de Sergipe da OAB é a aniversariante a que me refiro e, como tive o privilégio de participar de seu amadurecimento, nunca me será difícil expor meu amor e admiração por ela.

Em tempos em que se sentem as instituições fraquejando nos objetivos que seus próprios estatutos estabelecem a OAB como um todo é filha, é mãe, é pai, é irmão, aquele porto seguro que o cidadão e o corpo social procuram quando a instância que deveriam ouvir não os ouve.

Assim foi desde sua origem.

Nascida nacionalmente em 1930 como corporação profissional que deve necessariamente ser no trato das obrigações, dos direitos e das prerrogativas dos Advogados, aos poucos a Ordem, tonificada pelos brios e bons sentimentos dos seus membros, eclodiu da casca, transpôs o envoltório meramente corporativo e, por que não dizer, literalmente conquistou o Brasil e o mundo como porta voz da cidadania quando esta palavra existia apenas no dicionário, como porta voz da democracia quanto extinta ou reduzida esteve, como porta voz dos direitos humanos e sociais quando solapados.

O mesmo caminho foi seguido pela Seccional de Sergipe, terra pequena berço de grandes juristas, que logo trataram de cuidá-la, e cuidaram tão bem que logo chamaram a atenção do órgão federal.

Criada poucos anos após a entidade mãe, a OAB/SE bem recepcionou seu DNA, mantendo-se vigilante e atuante nas quadras históricas estaduais, nos maus e bons momentos experimentados pelos sergipanos.

Aqui, então, passado, presente, e futuro, andam de mãos dadas.

Cabe, sim, relembrar o passado, pois o legado nos é inteiramente favorável, a nossa Seccional em alto e bom tom respondeu “presente” nas chamadas institucionais a que esteve sujeita.

Foi uma época marcada mais por fatos históricos, alguns lamentáveis por instalarem estado de exceção inclusive em nosso Estado, com colegas presos, alguns impedidos de exercerem a profissão, apenas e tão somente por advogarem para clientes considerados “indesejáveis”, ou mesmo por defenderem a Democracia, o Estado de Direito.

Cabe, sim, enaltecer o presente, pois a OAB e a nossa Seccional em particular entenderam os efeitos da globalização e o grande passo da humanidade com o surgimento da internet.

Nesse sentido a Ordem não se furta a colaborar na evolução da legislação vis a vis da evolução da tecnologia, a defender os interesses da classe em temas ainda tão tormentosos como os processos eletrônicos e similares.

A Seccional, com seus jovens quadros, atua intensamente em prol da coletividade através de inúmeras comissões que tratam de interesses difusos e coletivos, de idosos, crianças e adolescentes, saúde e segurança públicas, meio ambiente, direito dos animais.

Cabe, sim, acreditar no futuro promissor que está por vir, com o acréscimo em nossos quadros de novos integrantes, munidos de artefatos tecnológicos, mas que contam com uma instituição solidificada pelos que os antecederam.

Solidificada pela argamassa da ética e da defesa dos bons direitos.

Tenho na memória que, no final de 2019, aos meus 94 anos, atendendo a honroso convite do Presidente Inácio Krauss para proferir saudação a colegas que recebiam, naquela ocasião, a carteira profissional, que além do exemplo e da continuidade, a perpetuidade da Advocacia e da OAB é nosso destino.

Portanto, usufruindo do decanato, ouso afirmar que de parabéns não estão apenas a OAB/SE, seus gestores passados e os atuais, os advogados passados e os atuais, mas toda a sociedade sergipana, enfim, de parabéns está o Estado de Sergipe.

*Advogado inscrito na OAB/SE sob nº 190

Rolar para cima