Sindicatos e movimentos sociais se juntam para protestar contra a situação econômica vivida pelas famílias sergipanas; senador e pré-candidato ao Governo do Estado, Rogério Carvalho, aderiu à pauta e participará da série de eventos organizados por entidades de classe
A situação da pobreza em Sergipe tem preocupado diversos setores da sociedade e gerando revolta e indignação à população. O fato, que já vinha sendo observado há algum tempo, ganhou ainda mais notoriedade após um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelar que cerca de 50% da população está em condição de pobreza, sobrevivendo com menos de R$ 500,00 por mês. Os dados colocam o estado na quinta colocação do ranking brasileiro com maior índice de pobres no país e isso, de acordo com entidades, é reflexo da falta de políticas públicas que beneficiem o povo.
Por essa razão, foi criado o “Manifesto Sergipano Contra a Pobreza e em Defesa da Democracia”, com participação de diversos movimentos sociais e políticos que buscam promover ações coletivas de enfrentamento à fome, bem como convocar a população para fazer doações de alimentos que serão destinados às famílias em situação de vulnerabilidade econômica e social. E, entre as ações programadas, estão alguns eventos públicos já estão sendo organizados na capital e Grande Aracaju. Um deles será realizado nesta quinta-feira, 21, a partir das 17h30, no bairro Cidade Nova, Zona Norte.
O ‘Manifesto’, conforme trecho divulgado, destaca que os participantes são “pessoas que têm no coração a vontade de mudar e a esperança de fazer a diferença”. “Queremos que todos os sergipanos vivam dignamente e tenham garantidas as três refeições por dia. Isso é possível, porque Sergipe é um estado com recursos e gente disposta para trabalhar, gerando desenvolvimento e riqueza para todos que vivem aqui”, diz um dos trechos do documento.
De acordo com o presidente da União Geral dos Trabalhadores em Sergipe (UGT/SE), Ronildo Almeida, a situação vivida pelos sergipanos “é fruto da pura irresponsabilidade de um governo despreparado, com uma política econômica desastrosa”. “As medidas estão sendo tomadas de cima para baixo, sem diálogo com as comunidades e com os segmentos sociais. As representações de trabalhadores não são ouvidas. O Brasil voltou à miséria. O povo está comendo pele de galinha, osso. Está faltando seriedade na condução do Brasil. Nosso país é grande, rico e está passando por um desastre grande e isso é reflexo da falta de políticas sociais. Se cada centavo gasto fosse empregado para geração de renda e trabalho para o povo, estaríamos em uma situação diferente. Mas isso não é feito. Ninguém vê resultados positivos”, comentou.
Movimentos sociais são ignorados pelo Governo
O sindicalista ainda pontuou que, embora as entidades insistam na tentativa de diálogo, as portas têm sido fechadas. Por essa razão, ele acredita que a única solução seja protestar contra os “desmandos do Governo”. “Temos discutido e denunciado essas questões. Temos sugerido soluções, mas não somos ouvidos. As sociedades sindicais estão sendo colocadas no escanteio. Aqueles que estão realmente preocupados estão envolvidos nesse compromisso de extinguir a fome em nosso estado. Por isso estamos convocando o povo para se manifestar, também. Porque é uma luta coletiva. É uma luta política de enfrentamento aos gestores da miséria que estão no país”, acrescentou.
“Temos uma gestão insensível à fome das pessoas”
A situação atinge os jovens sergipanos com um impacto ainda maior, pois, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021, pessoas entre 14 e 17 anos representavam 20,3% dos desempregados, sendo as mulheres as mais atingidas. O levantamento demonstrou, também, que o número de brasileiros sem emprego formal nessa mesma faixa etária era de 46,3%, considerado o maior percentual da história do país.
E isso, de acordo com a presidente da União Sergipana dos Estudantes Secundários (Uses), Lizandra Dawany, é reflexo do “desgoverno Bolsonaro, que atinge diretamente todos nós, porque falta políticas públicas e segurança alimentar”. “O Governo Belivaldo acaba também repetindo os mesmos erros. Um exemplo disso é que o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Pnae, que contempla todos os estudantes da rede pública do Estado, até o mês de junho, mesmo tendo recursos em caixa, os estudantes não tinham nem uma caixa de suco nas escolas para fazer suas refeições. O Governo do Estado não trata a segurança alimentar como política pública e acha que uma simples distribuição de cesta básica acaba suprindo essa demanda. Mas, para nós, dos movimentos sociais, não há dignidade sem comida. Porque não há como ter dignidade sem alimentação, que é o primeiro direito que acaba desencadeando outros direitos. Não tem como ter saúde, educação, lazer, nem perspectiva de vida sem alimentação. Não dá para pensarmos em uma gestão de Estado que é insensível à fome das pessoas”, dispara.
“A gente precisa trilhar os próximos passos e construir uma nação com novos projetos de sociedade onde todos tenham direito a comer. Porque comer é extremamente político. Ter direito à comida é ter direito a uma vida digna”, complementa.
“É preciso ir às ruas e denunciar o problema”
O tema gera preocupação ao senador e pré-candidato ao Governo de Sergipe, Rogério Carvalho (PT), sobretudo por lembrar que, nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-governador Marcelo Déda, ambos correligionários de partido, a situação vivida pelos brasileiros e sergipanos era completamente diferente. “A fome no Brasil e em Sergipe é mais um retrocesso inaceitável do desgoverno de Bolsonaro. Diante da inércia da atual gestão para enfrentar as crises econômica, social e sanitária que assolam o país, Sergipe vivenciou a escalada da pobreza e da fome. Então, a superação dessa problemática é a pauta mais urgente neste momento histórico. O fascismo que está matando as mulheres, a população humilde e que fez voltar a fome e a miséria aos lares do nosso estado e país precisa ser combatido por todos da sociedade e vamos fazer a nossa parte”, disse.
Por essa razão, o petista aceitou o convite dos movimentos sociais e entende a urgente necessidade de “ir às ruas e denunciar o problema”. “Temos o compromisso com a transformação de Sergipe, por isso vamos juntos na luta para tirar nosso estado da miséria”, acrescentou.