Eugênio Nascimento
Ontem, dia 25 de maio de 2022, quando teve início o julgamento dos assassinos de George Floyd, que foi asfixiado nesse mesmo dia desse mesmo mês em 2020, em Minneapolis (EUA), Policiais Rodoviários Federais avançaram brutalmente para prender um senhor de 38 anos, com transtornos mentais, em Umbaúba, município a 97 km de Aracaju, a capital de Sergipe, e dão um show de violência que culminou com a morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos. Virou escândalo nacional com repercussão internacional.
Conforme apurou e divulgou o Intercept Brasil, pessoas identificadas como Clenilson, Paulo, Adeilton, William e Kleber assinam o boletim de ocorrência na delegacia de Umbaúba e nele a morte de Genivaldo de Jesus Santos é tratado como “fatalidade desvinculada da ação policial”. Mas os vídeos que circulam nas redes sociais e outras mídias mostram policiais colocando Genivaldo no porta-malas, que é fechado, e vítima fica com os pés fora da viatura. Logo em seguida a fumaça provocada pelo gás aparece.
O Floyd sergipano, que foi inicialmente asfixiado pelo joelho de um policial, tem uma família, além dos amigos, que já demonstraram em entrevistas e nos protestos na BR que o defendem e que manterão essa posição. O Ministério Público Federal já anunciou que vai acompanhar as investigações e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE) também cobrou a apuração e o afastamento das atividades dos policiais envolvidos no caso. As imagens tornadas públicas mostraram três agentes da PRF no local do episódio.
O que fez o senhor Genivaldo de Jesus Santos, para despertar tanto ódio? Apenas trafegava em uma moto pela BR-101, quando teria sido parado pela PRF. Os policiais teriam informado que ele reagiu a prisão. Mas o que se viu nos vídeos divulgados foi um ser humano acuado, humilhado, imobilizado, sofrendo as consequências do spray de pimenta no rosto e colocado no porta-malas do carro da PRF, onde foi jogado um gás até agora não identificado, mas que deve ter agravado seu quadro respiratório e, provavelmetee, teria provocado a sua morte.
O carro da PRF virou a câmara do gás da morte, uma marca triste do período hitleriano na Alemanha e que atingiu o povo judeu nos campos de concentração durante a 2ª Guerra Mundial.
Na manhã desta quinta-feira, o IML divulgou laudo em que informa que “foi identificado de forma preliminar que a vítima teve como causa mortis insuficiência aguda secundária a asfixia”.
E continua explicando que “a asfixia mecânica é quando ocorre alguma obstrução ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulmões. Essa obstrução pode se dar através de diversos fatores e nesse primeiro momento não foi possível estabelecer a causa imediata da asfixia, nem como ela ocorreu. Após a conclusão dos trabalhos, os laudos serão remetidos à delegacia de Polícia Federal”.
A PRF brasileira não era reconhecida por práticas tão violentas. Era temida por motoristas que dirigem bêbados, em alta velocidade, abusando em ultrapassagens, sem documentação legal ou ainda e mais intensamente, por prender aqueles que estão transportando drogas. Agora, na PRF ficou a marca da violência e da morte de Genivaldo em câmara de gás.
A PRF precisa explicar o que motivou tamanha violência, ainda que os argumentos não justifiquem a ação. Caberá à PF a apuração dos fatos e à Justiça punir – é o que se espera – os matadores de Genivaldo Santos.